terça-feira, 5 de março de 2013

O preço (caro) do ingresso no futebol brasileiro

Após uma semana de jogos importantes com públicos pequenos perto da grandeza desses confrontos, realizados entre algumas das principais equipes do Brasil, resolvi fazer um análise do porquê disso ocorrer.

Antes de argumentar sobre o tema, coloco aqui em destaque os jogos que levo como base para fazer a análise. São sete, cinco em São Paulo e dois no Rio de Janeiro:

23.1) São Paulo 5x0 Bolívar - Morumbi - 1ª Fase da Libertadores
Público: 41.838 pagantes / Renda: R$ 1.383.036,00
14.2) Palmeiras 2x0 S.Cristal - Pacaembu - Fase de Grupos Libertadores
Público: 17.744 pagantes / Renda: R$ 680.550,47
24.2) Palmeiras 1x0 Barbarense - Pacaembu - 1ª Fase do Paulista
Público: 19.128 pagantes / Renda: R$ 476.310,00
28.2) São Paulo 2x1 Strongest - Morumbi - Fase de Grupos Libertadores
Público: 31.273 pagantes / Renda: R$ 918.305,00
02.3) Vasco 3x2 Fluminense - Engenhão -  Mata-mata 1ª Fase Carioca
Público: 15.960 pagantes / Renda: R$ 449.910,00
03.3) Flamengo 0x2 Botafogo - Engenhão - Mata-mata 1ª Fase Carioca
Público: 17.554 pagantes / Renda: R$ 831.380,00
03.3) Santos 0x0 Corinthians - Morumbi - 1ª Fase do Paulista
Público: 17.155 pagantes / Renda: R$ 514.874,00

Como se pode ver, a questão está muito mais relacionada ao preço do ingresso e a importância da partida, do que o adversário em questão.

Assim, no meu raciocínio lógico, coloquei os jogos recentes que chamaram atenção pelo baixo público, duas semifinais no Rio de Janeiro (clássicos estaduais) e um clássico paulista neste último fim de semana, e também dois jogos de Palmeiras e dois jogos do São Paulo, para fazer um comparativo.

CASO SÃO PAULO
No seu primeiro jogo importante do ano, onde valia a classificação para a fase de Grupos da Libertadores, o torcedor são-paulino "lotou" as arquibancadas do Morumbi. Mais de 41 mil pagantes, renda de mais de 1 milhão de reais. Média do ingresso de R$ 33,05.

Já na primeira partida em casa como mandante na fase de grupos, apenas 31 mil torcedores (se comparado ao jogo anterior) e uma renda de quase 1 milhão. 29,36 reais foi a média do ingresso. Em ambos os jogos, os preços foram os mesmos, porém no segundo o ingresso médico caiu em quase 4 reais. Isso se explica pelo setor popular, a 10 reais (arquibancada amarela).

Em ambos jogos esse setor esteve praticamente cheio. Ou seja, a faixa dos 10 mil torcedores que tivemos a mais no jogo contra o Bolívar, se concentrou em todos outros setores, elevando a renda e o ingresso médio. A questão que fica aqui é: e se não houver esse setor? O torcedor que pagou 10 reais pagaria 40 ou 50 para ficar na mesma ou em outras arquibancadas? Ele teria esse poder aquisitivo?

A conclusão que faço, é que ao mesmo tempo em que barateia para uns, a diretoria do São Paulo encarece para outros. Sugestão? Colocar o setor popular de 10 para 20. E baixar o de 40 reais para 30, o de 50 reais para 40. Na próxima quinta-feira, em jogo no Pacaembu, contra o Arsenal, o ingresso mais barato será a 40 reais. Sinceramente? Aposto em estádio vazio (menos de 15 mil pagantes). Basta ver o próximo exemplo para entender.

CASO PALMEIRAS
O Verdão iniciou a Libertadores em casa, contra um adversário modesto, o Sporting Cristal. Acreditei que na volta do clube ao torneio continental, teríamos um ótimo público no Pacaembu. Porém, o que se viu foi que apenas 17 mil pessoas foram ao jogo, com um ingresso médio de R$ 38,35 reais. Ou seja, muito caro. O ingresso mais barato era o tobogã, por 40 reais (inteira).

No jogo seguinte, pelo Paulista, o presidente Paulo Nobre resolveu baixar o preço dos ingressos. Ou seja, nós saímos da Libertadores, para o Paulistinha. Pergunte ao torcedor qual a importância de ambos campeonatos e qual ele prefere ganhar?

O tobogã que era 40, caiu para 20. As arquibancadas de 50, para 30. Ou seja, 20 reais a menos nos principais setores populares de um estádio. Resultado disso? O público foi maior, apesar da renda ser menor. O novo presidente se declarou muito feliz com público. Ingresso médio de R$ 24,90.

Quem olha os dois públicos sem ver as rendas, deve achar que o torcedor do Palestra ficou maluco. Mas após uma análise mais a fundo, já fica claro o motivo. O que vale para o torcedor, a não ser quando o time  vive um momento "Corinthians", ou seja, títulos e alegria todo dia, é o preço que vai gastar.

Aqui, percebe-se a diferença entre diretoria de São Paulo e Palmeiras. Uma quer ver o estádio mais cheio possível. A torcida é sempre importante, quanto mais, melhor. Já o outro, só quer dinheiro no bolso. Sinceramente, apesar de ser o mais barato dos quatro jogos analisados, acho que o ingresso médio a 25,00 reais é mais justo, ou melhor, mais realista, do que, 30 ou 40 reais.

CLÁSSICOS DO FIM DE SEMANA
No clássico de São Paulo, a diretoria do Santos levou o duelo contra o Corinthians para o Morumbi, pois o clube havia perdido um mando de jogo, por conta de moedas jogadas em Paulo Henrique Ganso no clássico contra o São Paulo, na Vila.

Assim, o que se viu no estádio Tricolor foi uma casa vazia. Apenas 17 mil pessoas para um jogo, que na teoria seria de alto nível, mas que na prática foi muito fraco. Ingresso médio: 30 reais.

Ou seja, um clássico em campo neutro, em uma primeira fase de Paulista, que cá entre nós não vale nada, teve estádio vazio com um ingresso médio que não foi dos mais caros. Como explicar isso? De um lado era Neymar, de outro Alexandre Pato. Talvez o Pacaembu ou até mesmo a Arena Barueri eram opções melhores.

Já nas semifinais do Rio de Janeiro, o torcedor carioca mostrou que o que vale mesmo é o peso da torcida. 15 mil pagantes para Vasco x Fluminense e 17 para Flamengo x Botafogo, acredito eu, é muito pouco. O ingresso médio não foi dos mais altos no sábado: 28,18 reais. Já no domingo... R$ 47,36. O mais caro de todos os 7 jogos analisados aqui.

Assim, quem diz que não vai ao Engenhão pela distância, só engana a si mesmo. Pois mesmo com o ingresso muito mais caro, a torcida do Flamengo (maior parte, 71%) e a do Botafogo (menor parte, 29%) conseguiram encher mais o estádio que Fluminense e Vasco.

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